segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Paródia: no meio do caminho

No meio do caminho tinha um cachorro
tinha um cachorro no meio do caminho
tinha um cachorro
no meio do caminho tinha um cachorro.


Jamais me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas canelas tão mastigadas.
Nunca me esquecerei de que no meio do caminho
tinha um cachorro
Mas... tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra!

Pena que não alcancei a pedra para jogar no cachorro!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Falar, palavra vã

Falar é palavra vã,

Quando descontextualizada da ação.

A boca fala e a vontade, nega.

O eterno duelo entre dizer e fazer,

Sempre o “ver pra crer”,

Ao vento com a atuação.

O ato desmente o que a fala remete,

Mas a situação permanece.

Vozes perecem,

Atitudes, não.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cinzas...

Palavras somente têm sentido quando escritas...

E ditas?

Versos só têm sentido quando sentidos...

E transmitidos?

A luz que ilumina os seres...

Só tem sentido quando aquece?

Palavras.

Reflexo da alma de quem as sente.

Vozes...

Acalento de quem as ouve.

Chama...

Quando fogueira, machuca...

Pelo excesso.

Sentir, sinto.

Mas sofro por não mais sentir que sinto.

Somente assisto, junto de outros, sombras avulsas...

...cinzas...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

ILUSÕES DA VIDA

"Quem passou pela vida em branca nuvem,

E em plácido repouso adormeceu;

Quem não sentiu o frio da desgraça,

Quem passou pela vida e não sofreu;

Foi espectro de homem, não foi homem,

Só passou pela vida, não viveu."


Francisco Otaviano de Almeida Rosa

Né...

Eis uma palavra inócua e, à primeira vista, insignificante, que traz em si uma ampla gama antitética de expressividade. É um convite à reflexão, sobre a nobre riqueza da linguagem. É como uma aglutinação entre um advérbio de negação "não", com o verbo ser, conjugado,"é", resultando no tão falado - ainda mais por falantes de etnia nipônica - "né". A semanticidade paradoxal de tal forma linguística, mais usada na linguagem oral, reflete o jogo de palavras que pode ser realizado com a fala. Afinal, uma negação gera uma afirmação/ concordância com o discurso do interlocutor. O "né" condensa em si todo o falatório "sim, eu concordo com vc", simples e direto como a fala pede para ser. E ainda, seu tom, interrogativo, mas com significado afirmativo, em sentido de concordância, é outro convite à reflexão. Tal interrogativa ainda perpetua ou finda o diálogo em um profundo: "né". Né?! Né!!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Humanos

Muito além do que "alguém em quem acreditar", mesmo que essa pessoa seja em si mesmo, está acreditar em algo. Quando não se acredita em algo, algo além, não tem como acreditar em humanos. Porque todos nós somos falhos e postar a confiança em sujeitos passíveis de falha é burrice. Até nós enquanto sujeitos atuantes ou meros fantoches de um sistema construído por humanos - ressalto já, o erro paradoxal em si - somos faltantes. Cada um tem minimamente uma construção ou vislumbre daquilo que enseja e arquiteta para si, mas mesmo assim, pode entrar em contradição em seus caminhos e percorrer segundo a tal pílula vermelha da Matrix. Vê, mas não enxerga, escuta, mas não ouve. Acredita em tudo, menos na própria essência; possui uma concepção de atuação na existência, mas acaba traindo-a. De que é feita então essa angústia que nos consome? Mesmo quando tudo ao redor parece conspirar em prol do universo de 'boas ações', um vazio insiste em imperar...

"but it was only, fantasy/ The wall was too high, as you can see/ No matter how he tried, he could not break free/ And the worms ate into his brain/ Hey you/ Out there on the road/ Always doing what you're told/ Can you help me?"

Quem não tem impecilhos na vida cria seus próprios demônios. Dramático assim, com um texto Shakespeareano, um Hamlet perdido em questões existenciais. Os seres viventes recebem como dádiva divina o dom de existir, mas o renegam; bem como negam as mensagens celestes, dos caminhos a serem seguidos, estes preferem cegar-se tragicamente tal qual um Édipo. A dificuldade vincula-se primordialmente em distinguir o que é humano do que é alma, o que é carne do que é espírito. Dentro de cada um realiza-se esse embate, durante toda a existência terrena, e dificilmente é possível em vida estabelecer um rompante. Pois tal dualidade caracteriza-se como o princípio da essência, e esta, estabiliza-se por meio de seu oposto. A harmonia, igualdade na balança do lado negativo e do positivo, apresenta-se, deste modo, como um grito em silêncio, um ódio com amor. É..."ars longa, vita brevis" segundo Hipócrates, cujo nome tão sonoramente me remete a uma pantomima hipócrita da humanidade. Enquanto isso, cenas dos próximos capítulos da novela mexicana da vida:

"Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Ando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas,
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta
O tríplice mistério do 'stop'
Que eu passo por e sendo ele
No que fica em cada um
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez e assistiu
Abra um parênteses, não esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro
De um moleque do Brasil
Que peço e dou esmolas
Mas ando e penso sempre com mais de um
Por isso ninguém vê a minha sacola".



domingo, 13 de fevereiro de 2011

Teste, testando...

Teste... teste... testando... 1, 2,3...
Alô!
Testando...
Teste... teste...
É a vida, chamando o ser. Será que tem alguém aí?